quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

IGREJA MILITANTE, TRIUNFANTE E PADECENTE

No maravilhoso universo da Comunhão dos Santos, o mais insignificante de nossos atos, realizado na caridade, reverte em proveito de todos os fiéis; e todo pecado pesa negativamente nessa comunhão.


Desafiando o progresso científico moderno, o corpo humano continua sendo ainda um mistério, sob muitos aspectos. À medida que conhecemos melhor suas leis e operações, surgem novas incógnitas e também novas maravilhas se desvendam, despertando admiração.

Com efeito, quem não fica hoje assombrado diante da espetacular eficácia do sistema imunológico de nosso organismo? Que cientista poderá explicar com exatidão a extraordinária agilidade, capacidade e precisão de nosso sistema nervoso? Ou como não ficar deslumbrado com o incansável trabalho do coração, o qual, com suas batidas ritmadas, bombeia sem cessar o sangue para os outros órgãos?


Cristo, cabeça do Corpo Místico da Igreja

Conforme ensina o Apóstolo, há na Santa Igreja uma íntima relação entre os seus membros: "Embora sejamos muitos, formamos um só corpo em Cristo" (Rm 12, 4-5), o Corpo Místico de Cristo. E, como todo corpo bem constituído, ele tem uma Cabeça "da qual todo o corpo, pela união das junturas e articulações, se alimenta e cresce conforme um crescimento disposto por Deus" (Col 2, 19). De Cristo, "cabeça do Corpo, da Igreja" (Rm 12, 4-5), dimana a vida, a força e a vitalidade para o resto do organismo. O próprio Redentor nos explica esta realidade na parábola da videira: "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em Mim, Ele o cortará [...]. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em Mim" (Jo 15, 1.4).

"Todos vós vos revestistes de Cristo"
"O Juízo Final", por Fra Angélico - Gemäldegalerie, Berlim

Todos os batizados, por mais diversos que sejam pela raça, nação ou classe social, fazem parte deste Corpo. Ensina-nos o Apóstolo: "Todos vós que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo. Já não há judeu, nem grego, nem escravo, nem livre, nem homem, nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gal 3, 27-28). Na epístola aos Efésios, ele insiste na necessidade desta união: "Sede solícitos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança" (Ef 4, 3-4).

Esse importante ensinamento materializava-se nos costumes vigentes nos primórdios da Igreja, como narra o livro dos Atos dos Apóstolos: "A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum" (At 4, 32).

O relacionamento entre os membros do Corpo Místico, muito diferentes entre si, regia-se pela caridade e pelo espírito de comunhão. Todos eles, desde os sucessores dos Apóstolos até a mais humilde viúva, articulavam-se numa harmônica convivência que não visava de nenhum modo destruir os carismas ou superioridades dos mais dotados, nem permitia o menosprezo dos inferiores, pois, como diz o Apóstolo das Gentes: "Em um só Espírito fomos batizados todos nós, para formar um só corpo, judeus ou gregos, escravos ou livres; e todos fomos impregnados do mesmo Espírito. Assim o corpo não consiste em um só membro, mas em muitos. [...] Deus dispôs no corpo cada um dos membros como Lhe aprouve. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Há, pois, muitos membros, mas um só corpo" (I Cor 12, 13-14.18-20).

Os três estados da única e indivisível Igreja

Esse Corpo Místico, porém, não é constituído apenas da Igreja visível, peregrina na Terra. Como nos explica o padre Monsabré, esta "não é senão uma porção da vasta assembleia na qual se aplicam diversamente os efeitos da Redenção; ela engloba também a Igreja Triunfante e a Igreja Padecente".

Igreja Triunfante é a porção do Corpo Místico que já se encontra na eterna bem-aventurança, termo final de nossa caminhada. Por estar junto do trono de Deus, essa assembleia de Eleitos roga constantemente pelos seus irmãos que ainda peregrinam no mundo.

Denomina-se Igreja Padecente o conjunto de fiéis que sofrem no Purgatório, expiando seus defeitos e purificando suas vistas espirituais para encontrar-se com Deus.

E nós que, neste vale de lágrimas, lutamos para, pelos méritos infinitos de Nosso Senhor Jesus Cristo, conquistar a coroa de glória, constituímos a Igreja Militante (Ecclesia Militans), segundo o termo clássico, que põe em realce a necessidade de combater nesta vida o pecado e as más inclinações.

Estes três estados da única e indivisível Igreja Católica estão estreitamente unidos entre si, como bem acentua o Concílio Vaticano II: "Enquanto o Senhor não vier na sua majestade e todos os seus Anjos com Ele (cf. Mt 25, 31) e, vencida a morte, tudo Lhe for submetido (cf. I Cor 15, 26-27), dos seus discípulos uns peregrinam sobre a Terra, outros, passada esta vida, são purificados, outros, finalmente, são glorificados e contemplam ‘claramente Deus trino e uno, como Ele é'; todos, porém, comungamos, embora em modo e grau diversos, no mesmo amor de Deus e do próximo, e todos entoamos ao nosso Deus o mesmo hino de louvor. Com efeito, todos os que são de Cristo e têm o seu Espírito, estão unidos numa só Igreja e ligados uns aos outros n'Ele (cf. Ef 4, 16)".

A bem-aventurança celeste desce até nós

Para explicar o relacionamento entre os membros da Igreja Militante e os da Triunfante, o padre Monsabré recorre a uma expressiva alegoria:
"Em relação à Igreja Triunfante, a Igreja Militante está em condições análogas às de um exército que combate longe de seu país, no qual tudo é ordem, repouso e prosperidade. Como não manteria esse exército os olhos voltados para a Pátria, de onde espera os recursos e reforços necessários para levar a bom termo sua árdua campanha? E, de outro lado, poderia a Pátria, para usufruir de uma felicidade egoísta, desinteressar-se das fadigas e sofrimentos desses valentes filhos que se batem pela honra nacional? Seria possível não haver entre o exército e a nação uma íntima solidariedade, expressa por uma confiante e generosa permuta de orações e de solicitudes, de votos e de benefícios, até o dia em que os soldados vitoriosos desfilem em triunfo entre a multidão de seus concidadãos cujos corações estavam com eles na terra estrangeira?".

Assim, a Igreja peregrina na Terra implora e espera da Pátria Celeste sua eficaz assistência, para um dia poder também ela triunfar. Grave erro seria pensar que, na eterna glória, os Bem-aventurados se esqueceram de seus irmãos na Terra. Muito pelo contrário, "eles conhecem mais que nós nossas necessidades e, antes mesmo de chegar-lhes nossa oração, foram preparados por Deus para ouvi-la e atendê-la".
Essa certeza de um auxílio contínuo deve nos animar e, mais ainda, fazer exultar de alegria. Pois sabemos que, em meio às dificuldades do dia a dia, temos intercessores velando a todo instante por nós. "A nossa fraqueza é assim grandemente ajudada pela sua solicitude de irmãos" - ensina o Concílio Vaticano II.

Objeto de ternura da Terra e do Céu

Contudo, se a Igreja peregrina se beneficia da intercessão dos Bem-aventurados, também ela tem uma responsabilidade e uma obrigação: devemos rogar por aqueles que adormeceram na paz do Senhor, mas ainda não gozam da visão beatífica, as almas dos fiéis defuntos que se encontram no Purgatório.
"Destroços salvos do furor de um mar fecundo em naufrágios, recrutas do exército celestial, portando em sua fisionomia profundamente triste e tranquila a marca da Igreja da qual saíram e daquela na qual entrarão, os membros da Igreja Padecente são objeto das ternuras da Terra e do Céu. Como o infeliz Jó, eles clamam a nós: ‘Piedade! Tende piedade, meus amigos!' (Jó 19, 21). Nós rezamos por eles. Unindo sua poderosa voz à nossa, os Eleitos nos oferecem - do tesouro da misericórdia divina que eles enriqueceram com seus méritos - a consolação, o apaziguamento, a libertação".

Leis que regulam esse relacionamento

Essa sinfonia produzida pela permuta de bens e intercessões entre a Igreja Triunfante, Militante e Padecente rege-se por duas leis estreitamente vinculadas à natureza do Corpo Místico.

A primeira é a lei da unidade: "Quanto mais perfeita for a unidade, mais fácil, pronta e abundante será a comunicação de bens", explica Monsabré. Esse princípio tão óbvio da ordem natural aplica-se com propriedade ainda maior na ordem sobrenatural. Desse modo, quanto mais estivermos unidos com Cristo e com a Igreja, mais nos beneficiaremos da Comunhão dos Santos.

"Santos e Profetas adorando Jesus Ressuscitado", por Fra Angélico - Painéis da predela da Pala di Fiesole, National Gallery, Londres

A segunda é assim formulada pelo teólogo dominicano: "Jesus Cristo, princípio da unidade, mantém sob sua dependência a circulação dos bens espirituais comunicados a cada um dos membros de seu Corpo Místico". Porque a Igreja, conforme ensina o Catecismo, "não é somente congregada em torno d'Ele; é unificada n'Ele, em seu Corpo".
Sendo assim, cabe-nos uma única atitude: procurar estar sempre mais unidos ao Divino Salvador e à sua Igreja através da oração, esforçando-nos por viver segundo os Mandamentos e recorrendo com frequência aos Sacramentos, principalmente ao da Eucaristia, na qual recebemos o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, fonte de todas as graças.

A comunhão dos bens espirituais

A Igreja é a assembleia de todos os Santos: os do Céu, os do Purgatório e os da Terra. "A Comunhão dos Santos é precisamente a Igreja", afirma o Catecismo. E explica que "o termo Comunhão dos Santos tem dois significados intimamente interligados: ‘comunhão entre as coisas santas' (sancta) e ‘comunhão entre as pessoas santas' (sancti)".E logo a seguir acrescenta: "‘Sancta sanctis! (o que é santo, para aqueles que são santos)': assim proclama o celebrante na maior parte das liturgias orientais, no momento da elevação dos santos Dons antes do serviço da Comunhão. Os fiéis (sancti) são alimentados pelo Corpo e Sangue de Cristo (sancta), para crescerem na comunhão do Espírito Santo (Koinonia) e de comunicá-la ao mundo".
Quais são essas "coisas santas" postas em movimento na vida do Corpo Místico? O Catecismo nos aponta a comunhão na Fé, dos Sacramentos, dos carismas, dos bens terrenos e da caridade. E o padre Monsabré as resume em três categorias de bens: as boas obras, as graças e os méritos.

Recorramos às orações dos Santos

As graças - entendidas enquanto o conjunto de favores e benefícios que nos são proporcionados pela vida sobrenatural - circulam por via de intercessão, explica o douto dominicano.

Com efeito, ensina o Concílio Vaticano II: "É, portanto, muito justo que amemos estes amigos e coerdeiros de Jesus Cristo, nossos irmãos e grandes benfeitores, que demos a Deus, por eles, as devidas graças, lhes dirijamos as nossas súplicas e recorramos às suas orações, ajuda e patrocínio, para obter de Deus os benefícios, por seu Filho Jesus Cristo, Nosso Senhor e Redentor e Salvador único. Porque todo o genuíno testemunho de veneração que prestamos aos santos tende e leva, por sua mesma natureza, a Cristo, que é a coroa de todos os santos, e, por Ele, a Deus, que é admirável nos seus santos e neles é glorificado".

O Tesouro da Igreja

A circulação das graças para toda a Igreja é de certo modo completada por outro conjunto de bens: os méritos. É verdade que, enquanto ordenado à bem-aventurança, o mérito é estritamente pessoal. Todavia, os méritos decorrentes da prática de boas obras são sempre acompanhados de uma virtude expiatória destinada a diminuir a dívida das penas impostas pela justiça divina. Quanto mais penosas são nossas boas obras, mais estão imbuídas da virtude expiatória. E quanto mais progredimos nas vias do bem, mais se torna comunicável aos outros essa força expiatória decorrente de nosso atos, da qual já não temos necessidade.
O padre Monsabré ilustra esta doutrina com um sugestivo exemplo: "Dois homens são igualmente desprovidos de bens, mas um deles está cheio de dívidas, das quais o outro está de todo livre. Ambos se lançam ao trabalho com o mesmo ardor, nele despendem seus dias, suas energias, suas vidas. E são recompensados pelo mesmo sorriso da fortuna. Chegados ao termo de seus esforços, estão os dois igualmente ricos? Não. O primeiro apenas ficou livre de suas dívidas; o segundo possui todo o fruto de seus trabalhos, e pode beneficiar com largueza os necessitados".
Esses dois homens representam o pecador e o santo. Não precisando expiar senão pequenas faltas, o santo acumula méritos que podem ser aplicados em benefício daqueles que ainda se encontram endividados. O conjunto desses méritos é denominado o tesouro da Igreja. Dentro desse tesouro são postos à nossa disposição os méritos infinitos de Nosso Senhor Jesus Cristo que, "sendo rico, Se fez pobre por vós, a fim de vos enriquecer por sua pobreza" (II Cor 8, 9).

A obrigação de dar bons exemplos

Graças e méritos vêm acompanhados de um terceiro conjunto de bens: as boas obras, que são postas em circulação na Comunhão dos Santos pela via do exemplo e da imitação.
Temos, em primeiro lugar, o supremo exemplo de Cristo, o qual Se fez homem e trilhou o caminho que nos apontou. Abaixo d'Ele, mas incomparavelmente acima de todos os Bem-aventurados, o de Nossa Senhora. E o dos Santos, verdadeiras estrelas que nos indicam o rumo a seguir para chegar à glória celeste.
Contudo, este último conjunto de dons da Comunhão dos Santos implica um compromisso de todos nós, membros do Corpo Místico: temos também nós obrigação de dar bons exemplos. Nossa vida inteira deve ser um reflexo daquilo em que acreditamos. Portanto, nossos atos são muito mais importantes do que podem nos parecer. Pois, além de incrementar o tesouro da Igreja, devem servir de poderoso estímulo para os outros praticarem o bem.

Não estamos sós na estrada que conduz ao Céu

"Oh! Que mundo maravilhoso o da Comunhão dos Santos!". Bem pode ser nossa essa exclamação do Papa Paulo VI, pois a consideração dessa verdade de Fé abre diante de nós um grandioso panorama: o mais insignificante de nossos atos, realizado na caridade, reverte em proveito de todos os fiéis, vivos ou defuntos; e, em sentido contrário, todo pecado pesa negativamente nessa comunhão.
Ensina-nos o Apóstolo: "Nenhum de nós vive para si, e ninguém morre para si" (Rm 14, 7). E especifica: "Se um membro sofre, todos os membros padecem com ele; e se um membro é tratado com carinho, todos os outros se congratulam por ele" (I Cor 12, 26). Não estamos, portanto, sozinhos na estrada rumo ao Céu: os Santos nos acompanham em nossas dificuldades. Procuremos nos beneficiar cada vez mais desse magnífico tesouro, sem nos esquecermos de que temos também um dever frente à Igreja. Poderemos assim proclamar não só com os lábios, mas, sobretudo, com a vida: "Creio na Comunhão dos Santos!". (Revista Arautos do Evangelho, Agosto/2013, n. 140, p. 18 à 23)

fonte:

FÉ CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA E A FÉ ANGLICANA


Texto para os Católicos Romanos - Algumas diferenças entre a Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja Anglicana
               
Transubstanciação (Igreja Católica Apostólica Romana) e Consubstanciação (luteranos – anglicanos)
 
Presença real de Cristo na Eucaristia
Site Anglicano: Se alguém perguntar a um anglicano qual é sua posição sobre diversos tópicos de teologia, sua resposta provavelmente será: “Depende”. Um desses tópicos é a Presença Real de Cristo na Eucaristia. A posição anglicana oficial é a de que Ele se faz presente no Sacramento de Seu Corpo e Sangue, sem tentar explicar como isso se dá. Individualmente, pode-se encontrar anglicanos (ou grupos deles) com crenças que variam da transubstanciação à união sacramental, passando pela consubstanciação, entre outras.
 
Meus comentários. Nem os anglicanos se entendem. Como é comum no meio protestante a divisão. Não concordam com algo e fundam uma nova versão de fé. Esta é a liberdade que se prega, ou seja, a religião é uma espécie de supermercado que escolho o que me interessa e o que vai contradizer com meu interesse simplesmente é rejeitado (Anglicanismo “escolheu” partes da Igreja Católica Romana e partes das diversas linhas de Protestantismo, entre outras conforme expressado no próprio site Anglicano, conforme referenciado)
 
 
Site Anglicano: Maria e a comunhão dos santos na tradição anglicana
A Tradição anglicana expressa sua crença na Comunhão dos Santos como enunciado pelos credos históricos da Igreja.  Assim, pode-se dizer que os anglicanos creem que os santos da Igreja militante e da Igreja triunfante estão unidos através da oração.  É essa a crença expressa nas liturgias públicas anglicanas: oramos junto aos santos dos céus a Deus, e honramos aqueles que perseveraram na fé em Cristo seguindo seu exemplo de vida e santidade.
Individualmente, contudo, há anglicanos que invocam os santos da Igreja Triunfante, para que rezem por determinadas causas.  Outros acreditam que não seja adequada tal prática, visto ser de difícil entendimento como a intercessão dos santos se dá, ou por não acreditarem haver provas escriturais adequadas para tal.  Ambas são visões diferenciadas de possíveis desdobramentos da doutrina da Comunhão dos Santos, e têm seu espaço no meio anglicano.
 
Meus comentários. Novamente vemos as confusões de doutrina no Anglicanismo. Com as palavras do próprio texto: “ambas são visões diferenciadas de possíveis desdobramentos da doutrina” (comum no meio protestante).
Além do mais, falou-se no texto da Igreja Anglicana da Igreja Triunfante (os que estão no céu), a Igreja Militante (que somos nós) e faltou o que? A Igreja Padecente (os que estão no purgatório). Isto é comum no protestantismo não aceitar o Purgatório e Indulgências (novamente escolhendo o que não interessa).
 
 
Site Anglicano: A Mariologia romana argumenta que há três formas de honra dadas a Deus e aos santos: Latria (adoração), Hiperdulia (grande honra) e Dulia (honra). Latria é apenas para Deus, Hiperdulia é para Maria, e Dulia para o resto da Comunhão dos Santos. Enquanto os anglicanos acreditam que somente Deus pode ser adorado, dar a Maria um nível de veneração acima dos outros santos é considerado impensável. A maioria dos teólogos anglicanos concordam com os Ortodoxos, que Maria é simplesmente a maior dos santos, e deve ser venerada de tal forma.
Anglicanos reconhecem apenas um dogma sobre Maria: que ela é Theotokos, a Mãe de Deus encarnado.
Todas as outras doutrinas, crenças ou lendas sobre Maria são secundárias em relação ao seu papel como Mãe de Deus.
A maioria dos anglicanos acreditam que a doutrina da virgindade perpétua de Maria é possível e lógica, mas sem maiores provas escriturais, não pode ser considerada dogmática.
Anglicanos universalmente rejeitam o dogma de co-redentriz, e qualquer outra interpretação que obscureça a única mediação de Cristo.
Anglicanos tipicamente acreditam que todas as doutrinas a respeito de Maria devem ser ligadas às doutrinas de Cristo e da Igreja.
A maior parte dos anglicanos acredita que os dogmas Católico-Romanos da Imaculada Conceição e da Assunção, já que não há referências escriturais claras para suportá-los, são considerados crenças ou lendas. Entretanto, o documento ARCIC-II mais recente dá espaço para ambos como devoções no anglicanismo.
Anglicanos reconhecem Maria como exemplo de santidade, fé e obediência para todos os cristãos; e que Maria pode ser vista como uma figura profética da Igreja. De tal forma, ela é considerada a pessoa mais importante dentro da Comunhão dos Santos.
 
Meus comentários: se tornou repetitivo escrever que as confusões são parte integrante da doutrina onde uns aceitam, outras rejeitam, em casos a maioria em outros universalmente, ou seja, seja feliz e acredite no que satisfazer o interesse. Quanto aos dogmas Marianos nem merece comentário, pois, acredito que a maioria dos Católicos sabe o que pensam os protestantes a respeito da Nossa Mãe Santíssima.
 
 
Site Anglicano: o corpo de Cristo
Os anglicanos se enxergam como parte do Corpo de Cristo, formado pelos inúmeros fiéis que, ao longo dos tempos, proclamaram Seu nome. Nesse aspecto, entendemos fazer parte da Santa Igreja Católica (Universal), sem pretensões de exclusividade, ou de sermos o ramo mais correto ou santo da Igreja.
 
Via média e inclusividade
Inclusividade pode ser entendida como a disposição mental de ouvir e se enriquecer com a visão do seu dessemelhante. É o oposto da exclusividade.
Os anglicanos afirmam o princípio da via média, isto é, a convicção de que a verdade é conhecida e guardada quando se mantém a tensão entre declarações opostas no que concerne à verdade. Tal princípio é exemplificado pela convicção de que Jesus era plenamente humano e, ao mesmo tempo, plenamente divino; e pelo compromisso anglicano de ser, simultaneamente, plenamente Católico e plenamente Protestante.
 
Meus comentários: Misericórdia.... sem comentários
 
 
Site Anglicano: Embora tal princípio seja extremamente difícil de se praticar, a luta para implementá-lo é um aspecto importante da tradição Anglicana.
O anglicanismo se entende e se vê, definitivamente, como uma instituição inclusiva Todas as Conferências de Lambeth, assim como todos os grandes documentos produzidos no seio desta enorme Comunhão de províncias, revelam este traço que é simultaneamente uma realidade que experimentamos e um alvo que buscamos.
Tal posição, muitas vezes difícil, acaba nos pondo na vanguarda da discussão de assuntos polêmicos, como a ordenação feminina e a inclusão homossexual. Muitos desses temas ainda causam bastante conflito entre nós, mas se pudermos manter fidelidade à nossa unidade, teremos algo de muito importante para ensinar às outras Igrejas Cristãs.
Adaptado dos artigos “Existe uma Teologia Caracteristicamente Anglicana?”, de Sumio Takatsu, “Desafios da Inclusividade”, de Jorge Aquino e “Temperamento Anglicano”, de John Westerhoff
 
Com muito mais frequência, devido a banalização da Verdadeira Doutrina-Religião deixada por Jesus Cristo, o nome de Deus- Jesus é usado para qualquer coisa (para ficar rico, foco nas curas exteriores e não na conversão do coração voltado para Deus e ao próximo, as Palavras são usadas até para matar como vemos, principalmente, no Oriente Médio, ou até mesmo para evangelizar, porém, dilacerando e distorcendo alguns pontos de extrema importância).
Assim, ler as Sagradas Escrituras (Bíblia que temos hoje) sem o Magistério da Igreja Católica Apostólica Romana e a Tradição causam estes terríveis desencontros, pois de tantos Escritos conservados foi a Igreja Católica Apostólica Romana que selecionou o que realmente vem de Deus e formou a Bíblia.
Desta forma dizer que ama a Palavra de Deus e não amar a Igreja e sua Doutrina é uma tremenda contradição, pois, cremos no que está Escrito na Bíblia porque cremos na Igreja deixada por Jesus Cristo e não o contrário.
 
Fonte: Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – Todas as questões abaixo foram extraídas do site abaixo, apenas segue um breve comentário a cada questão:
 


 
 

EUCARISTIA - transubstanciação ou consubstanciação?


Sobre a presença real de Jesus na Eucaristia, o Papa Paulo VI, na encíclica Mysterium fidei, de 03 de setembro de 1965, disse que: 

"Esta presença chama-se 'real', não por exclusão, como se as outras não fossem 'reais', mas por antonomásia, porque é substancial, quer dizer, por ela está presente, de fato, Cristo completo, Deus e homem. Erro seria, portanto, explicar esta maneira de presença imaginando uma natureza 'pneumática', como dizem, do corpo de Cristo, natureza esta que estaria presente em toda a parte; ou reduzindo-a a puro simbolismo, como se tão augusto sacramento consistisse apenas um sinal eficaz 'da presença espiritual de Cristo e da sua íntima união com os fiéis, membros do Corpo Místico'." (DH 4412)

Esta citação remete ao Decreto sobre o sacramento da Eucaristia promulgado no Concílio de Trento, em 11 de outubro de 1551:

"Ora, porque Cristo, nosso redentor, disse que aquilo que oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente seu corpo, existiu sempre na Igreja de Deus a persuasão que este santo Concílio novamente declara: pela consagração do pão e do vinho realiza-se uma mudança de toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo, nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância de seu sangue. Esta mudança foi denominada, convencionalmente e com propriedade, pela santa Igreja católica, transubstanciação." (DH 1642)

Jesus está presente substancialmente na Eucaristia, não somente enquanto Deus, mas também enquanto homem, ressuscitado, glorioso, completo. Essa "presença" a Igreja chama de substancial.

A linguagem utilizada no Concílio de Trento tem sua base na filosofia aristotélica e, ainda hoje, é a mais adequada. O próprio Papa Paulo VI deixa claro na Mysterium fidei que não é possível mudar a linguagem ou adaptá-la. 

A substância é a identidade da coisa. O acidente é a aparência da coisa. Tudo o que se vê é acidente. Não existe acesso à substância, em nada, não só na Eucaristia, é uma realidade metafísica. Os acidentes podem mudar, mas a substância permanece sempre a mesma. Mudar a substância significa mudar a identidade. No dia a dia, quando ocorre uma transubstanciação (por exemplo, quando a vaca come grama e esta grama se transforma em leite) existe uma mudança de substância, mas também de acidente, ou seja, muda tanto a identidade quanto a aparência da coisa

Na Eucaristia, porém, ocorre um fenômeno diferente: muda a substância, mas não o acidente. A aparência, o gosto, o peso, o formato, tudo é de pão, mas a substância não é pão: é Jesus, corpo, sangue, alma e divindadade. Jesus inteiro, completo, homem e Deus. 

Na hóstia consagrada não há mais pão, pois a substância de pão já não existe mais, restou somente o acidente, ou seja, a característica do pão. Por isso que a presença de Jesus é real na Eucaristia.
Em todos os outros lugares existe também uma presença real de Jesus, mas não uma presença eucarística, por isso é salutar o uso de outros títulos: por imensidade, enquanto Deus, Criador do céu e da terra, mas não enquanto homem; pelo batismo e consequente imersão da pessoa na Igreja, o que o torna membro do corpo de Cristo, existe uma presença de Jesus. Essas 'presenças' de Cristo não podem ser chamadas de transubstanciação, mas de consubstanciação, ou seja, duas substâncias juntas

Na Eucaristia não existe o pão (ou a substância do pão), apenas a presença de Jesus (somente uma substância). 
Os luteranos creem que existe a presença do pão e de Jesus ao mesmo tempo na Eucaristia.
Os calvinistas creem que a presença de Jesus na Eucaristia é apenas simbólica.
A fé católica, conforme já explicado, é bastante diferente

A encíclica Mysterium fidei foi promulgada porque alguns teólogos católicos estavam, de certa forma, abandonando a linguagem ideal para falar da Eucaristia e adotando a linguagem protestante

O Papa Paulo VI explica no início desse documento que ela (a encíclica) "não rejeita os novos conceitos de 'transignificação' e 'transfinalização', somente constata que não são suficientes para explicar adequadamente a mudança que ocorre na Eucaristia, e que devem ser completados com a noção de 'transubstanciação'. Mais à frente, ele continua dizendo:
"Bem sabemos que, entre os que falam e escrevem sobre esse sacrossanto mistério, alguns há que, a respeito das [...] divulgam opiniões que perturbam o espírito dos fiéis, provocando notável confusão quando às verdades da fé, como se fosse lícito, a quem quer que seja, passar em silêncio a doutrina uma vez definida ou interpretá-la de tal maneira que percam seu valor, o significado genuíno das palavras ou o alcance dos conceitos." (DH 4410)

Não dizer toda a verdade sobre a Eucaristia, por medo de ferir sensibilidade alheia ou por ecumenismo, faz com que o católico incorra no pecado da omissão, pois esta é uma verdade a que todo cristão está obrigado (tem o dever moral) de revelar a quem lhe perguntar.