São Cirilo de Jerusalém (315-386)
assim falava aos fiéis:
“Na cavidade da mão recebe o
corpo de Cristo; dize Amém e com zelo santifica os olhos ao contato do corpo
santo… Depois aproxima-te do cálice. Dize Amém e santifica-te tomando o sangue
de Cristo. A seguir, toca de leve os teus lábios, ainda úmidos, com tuas mãos,
e santifica os olhos, a testa e os outros sentidos (ouvidos, garganta, etc.)”
Santo Efrém Sírio (306-444)
falava da Eucaristia como “Glória ao remédio da vida”.
Santo Agostinho
(354-430) a chamava de ” o pão de cada dia, que se torna como o remédio para a
nossa fraqueza de cada dia.” E ainda dizia: “Ó reverenda dignidade do
sacerdote, em cujas mãos o Filho de Deus se encarna como no Seio da Virgem” .
“A virtude própria deste alimento divino é uma força de união que nos une ao
Corpo do Salvador e nos faz seus membros a fim de que nos transformemos naquilo
que recebemos”.
São Cirilo de Alexandria
(370-444) dizia que ao comungarmos o corpo de Cristo nos transformamos em
“Cristóforos”, portadores de Cristo.
Na sua “Profissão de Fé”, o
conhecido “Credo do Povo de Deus”, o Papa Paulo VI afirmou:
“Cremos que como o pão e o vinho
consagrados pelo Senhor, na Última Ceia, foram mudados no seu Corpo e no seu
Sangue, que iam ser oferecidos por nós na Cruz, assim também o pão e o vinho consagrados
pelo sacerdote se mudam no Corpo e no Sangue de Cristo glorioso que está no
céu, e cremos que a misteriosa presença do Senhor naquilo que misteriosamente
continua a aparecer aos nossos sentidos do mesmo modo que antes, é uma
presença verdadeira, real e substancial”. (cf. Dz. Sch. 1651)
Em seguida, Paulo VI deixa claro
que se afastam da fé católica aqueles que não aceitam esta verdade.
“Toda explicação teológica que
procura alguma inteligência deste mistério deve, para estar de acordo com a fé
católica, admitir que na própria realidade, independentemente do nosso
espírito, o pão e o vinho cessaram de existir depois da consagração, de tal
modo que estão realmente diante de nós o Corpo e o Sangue adoráveis do Senhor
Jesus, sobre as espécies sacramentais do pão e do vinho, conforme Ele assim o
quis, para se dar a nós em forma de alimento e para nos associar à unidade do
seu Corpo Místico”. (cf. S. Th., III, 73, 3)
Com essas palavras o Papa deixou
muito claro que a Eucaristia não se trata apenas de um “sinal”, ou “símbolo”,
nem mesmo “lembrança”, mas da presença real e substancial do Senhor. Ele ainda
acrescenta o seguinte:
“A única e indivisível existência
do Senhor glorioso que está no céu não é multiplicada, mas torna-se presente
pelo Sacramento, em todos os lugares da terra onde a Missa é celebrada. E
permanece presente, depois do sacrifício, no Santíssimo Sacramento, que está no
Sacrário, coração vivo de cada uma das nossas igrejas. E é para nós um
dulcíssimo dever honrar e adorar na sagrada Hóstia, que os nossos olhos vêem, o
Verbo Encarnado, que eles não podem ver e que, sem deixar o céu, se tornou
presente no meio de nós.” (Credo do Povo de Deus, Ed. Cléofas, 1998)Na Última
Ceia, Jesus foi muito claro: “Isto é o meu corpo”. “Isto é o meu sangue” (Mt
26,26-28). Ele não falou de “símbolo”, nem de “sinal”, nem de “lembrança”.
São Paulo atesta a presença do
Senhor na Eucaristia quando afirma:
“O cálice de benção, que
bebemos, não é a comunhão do Sangue de Cristo? E o pão que partimos, não é a
comunhão do Corpo de Cristo?” (1Cor 10,16).
E o Apóstolo, que não estava na
Última Ceia, recebeu esta certeza por revelação especial do Senhor a ele:
“O Senhor Jesus, na noite em que
foi entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu-o e disse: Tomai e comei;
isto é o meu corpo, que será entregue por vós; fazei isto em memória de mim.
Igualmente também, depois de ter ceado, tomou o cálice e disse: Este cálice é o
novo testamento no meu sangue; fazei isto em memória de mim todas as vezes que
o beberdes”(1Cor 11,23-29).
Sem dúvida a Eucaristia é o maior
e o mais belo milagre que o Senhor realizou e quis que fosse repetido a cada
Missa, para que Ele pudesse estar entre nós, a fim de nos curar e nos
alimentar.
“A Eucaristia é ‘fonte e centro
de toda a vida cristã’ (LG,11). Os restantes sacramentos, porém, assim como
todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão vinculados com
a Sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na santíssima Eucaristia
está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo,
nossa Páscoa” (PO,5 e CIC n.1324).
O Catecismo da Igreja nos garante
que “Os milagres da multiplicação dos pães… prefiguram a superabundância deste
pão único da Eucaristia” (CIC, n.1335).
Tudo o que foi dito até aqui está
baseado principalmente nas próprias palavras de Jesus, naquele memorável
discurso sobre a Eucaristia, na sinagoga de Cafarnaum, que São João
relatou com detalhes no capítulo 6 do seu Evangelho: “Eu sou o Pão vivo que
desceu do céu… Quem comer deste Pão viverá eternamente; e o Pão que eu darei é
a minha carne para a salvação do mundo… O que come a minha carne e bebe o meu
sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia… Porque a minha
carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida.”
Não há como interpretar de modo
diferente estas palavras, senão admitindo a presença real e maravilhosa do
Senhor na Hóstia sagrada.
Lamentavelmente a Cruz e a
Eucaristia foram e continuam a ser “pedra de tropeço” para os que não crêem,
mas Jesus exigiu até o fim esta fé. Aos próprios Apóstolos ele disse: “Também
vós quereis ir embora?” (Jo 6,67). Ao que Pedro responde na fé, não pela
inteligência: “Senhor, a quem iremos, só Tu tens palavras de vida eterna”(68).
Nunca Jesus exigiu tanto a fé dos Apóstolos como neste momento. E, se exigiu
tanto, sem dar maiores esclarecimentos como sempre fazia, é porque os
discípulos tinham entendido muito bem do que se tratava, bem como o povo que o
deixou dizendo:”Estas palavras são insuportáveis? Quem as pode escutar?” (Jo
6,60).
Também para cada um de nós a
Eucaristia será sempre uma prova de fogo para a nossa fé; mas, crendo na
palavra do Senhor e no ensinamento da Igreja, seremos felizes.
Quando Lutero pôs em dúvida a
presença real e permanente do Senhor na Eucaristia, o Concílio de Trento
(1545-1563) assim se expressou:
“Porque Cristo, nosso Redentor,
disse que o que Ele oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente o seu
Corpo, sempre na Igreja se teve esta convicção que o sagrado Concílio de novo
declara: pela consagração do pão e do vinho opera-se a conversão de toda a
substância do pão na substância do Corpo de Cristo nosso Senhor, e de toda a
substância do vinho na substância do seu Sangue; e esta mudança, a Igreja
católica chama-lhe com justeza e exatidão, transubstanciação” (DS, 1642; CIC
n.1376).
Acima de tudo é preciso recordar
que a Igreja recebeu do Senhor o carisma da infalibilidade em termos de fé e de
moral, a fim de não permitir que os seus filhos sejam enganados no caminho da
salvação (cf. Jo 14,15.25; 16,12-13). Portanto, o que a Igreja garante há vinte
séculos, jamais podemos duvidar, sob pena de estarmos duvidando do próprio
Jesus.
Para auxiliar a nossa fraqueza,
Deus permitiu que muitos milagres eucarísticos acontecessem entre nós: Lanciano
(sec VIII), Ferrara (1171), Orvieto (1264), Offida (1273), Sena (1330 e
1730),Turim (1453), etc., que atestam ainda hoje o Corpo vivo do Senhor na
Eucaristia, comprovado pela própria ciência. Há tempos, foi traçado na Europa
um “mapa eucarístico”, que registra o local e a data de mais de 130 milagres,
metade deles ocorridos na Itália.
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